domingo, 11 de julho de 2010

Fim de semana Uruçuquense e turismo em Ilhéus


Com vocês, a Nova Schin da Bahia!


Rapaz, nessas últimas 24 horas abusei de comida tida como pesada. Ontem de manhã foi acarajé, no almoço moqueca de camarão e camarão oriental, e à noite, pra ser um pouco mais tranqüilo, pizza. De madrugada, quando bateu aquela fome pós-festa, experimentei um dos pratos mais fortes que tem por aqui, o sarapatel, mas foi só uma garfadinha pra não dizer que passei em branco. Tudo bem, vou dizer a verdade, foi também porque tava com muita fome. E olhe, é bom!
Discorrido um pouquinho sobre a comida, vou tentar colocá-los a par dos últimos acontecimentos, tarefa difícil, já que desde a sexta à noite quando escrevi pela última vez, a quantidade de fatos que se passaram seria suficiente para escrever um livro inteiro! Falando em livro, em Pastores da Noite, Curió está prestes a dizer a Martim que está apaixonado pela mulher dele, Marialva. Ô mulher que não vale nada!

Mas continuemos. A noite da sexta me rendeu as impressões que faltavam sobre as pessoas daqui. Meus conhecidos até então eram a família e um ou dois amigos. Na sexta conheci o resto todo da galera, fora algumas exceções que conheci na noite de ontem. Uma próxima postagem vai falar sobre o povo, mas não essa. É muita informação e querer misturar as pessoas com o dia de ontem vai me fazer ter de suprimir muitos detalhes.

Na sexta a noite terminou cedo. Quando fecharam os bares da praça e quase todos já tinham ido embora, nós remanescentes fomos ao Rey do Fogão. Lá encontrei pela primeira vez Brahma por aqui. Mas a novidade não para por aí: era Brahma Fresh, alguém conhece? Tomamos umas duas e voltamos pra casa debaixo de uma garoa fina.

Acordamos cedo no sábado porque Volney tinha reunião em Ilhéus e, se quiséssemos ir para Serra Grande à tarde, o caminho era acompanhá-lo. Sábia escolha, apesar de madrugar, afinal enquanto Cinira fazia o cabelo para um casamento à noite, eu e Thomaz fizemos um excelente passeio turístico pela cidade. Vou tentar ser sucinto na descrição das coisas, mas sem privá-los dos detalhes. Cabe aqui comentar também que o dia de ontem foi uma vitória para os pais de Thomaz: ele finalmente cortou o cabelo, embora o Volney nem tenha percebido.Eis o que ele disse quando entramos no carro: "Thom, não deu tempo de cortar o cabelo não?"

O início do passeio pelo Centro Histórico nos colocou de frente com um Ponto de Cultura. Acostumado a escrever sobre os pontos aí de Piracicaba, não posso deixar de ver uma peça que vai ter lá na terça. Como o ponto só abria às 14h30, começamos o banho de cultura pela Casa de Cultura Jorge Amado, palacete que é símbolo da cidade e onde o escritor cresceu e escreveu seu primeiro romance, Paiz do Carnaval.


A Casa de Cultura Jorge Amado

Na casa, que funciona como centro cultural desde 1997 – quando o escritor ainda era vivo –, estão pertences dele, um vídeo feito na época da inauguração, as capas de todos os livros, uma lojinha e, principalmente, pra mim que sou fã da literatura dele, a atmosfera de saber que foi a casa do cara.

Comecemos pela história da casa e pela construção em si. Soube ontem de um fato determinante para que Jorge Amado se tornasse escritor: o pai ganhou o dinheiro da casa, uma fortuna, em um jogo, tipo uma mega-sena dessas. A casa tem dois andares e um mirante na parte de cima, que permite ver a cidade por todos os lados, além de dar uma visão privilegiada da catedral. Como a escada é frágil, atualmente não é permitido subir no mirante. Tive que me contentar em ver a paisagem pela janela do segundo andar, que já é ótima.

Todas as madeiras da casa são de jacarandá, e até a cortina é de madeira. A explicação é que, na época, era muito mais fácil conseguir jacarandá do que tecido, que tinha que ser importado. Entre as histórias mais legais, está a da estátua do saguão de entrada, que foi feita por um artista da região e se chama São Jorge Oxossi Amado. O Orixá Oxossi, no sincretismo religioso, seria São Jorge, aquele do dragão. A obra de arte mistura elementos figurativos dos dois santos, em homenagem a Jorge Amado.

Outro elemento à parte é o contador de história, que trabalha “voluntariamente” no segundo andar da casa. Ele não trabalha oficialmente ali, então conta suas histórias e pede ao público que dê o quanto acha que vale. Ele se apresentou só a nós dois e de tão boa que foi a história e a interpretação – que passava pelos barões de cacau e o início dos cacaueiros por aqui – ganhou o almoço do dia, sobrando até pra um acarajé mais tarde...

Continuamos o passeio pelo centro passando por outros pontos que vou citar mais rapidamente. O primeiro foi o Bataclan, que no passado funcionava como cassino, casa de moças (ou castelo, como Jorge Amado gosta de chamar), e importante centro de negócios e política. Por ali passavam os intelectuais, políticos e barões da região. Também estava fechado, hoje ainda existem shows para turistas, mas só funciona à noite. Essa semana ainda passo lá.


Bataclan: jogo, negócios, mulheres...

Do puteiro fui pra igreja. Literalmente. A catedral de São Sebastião é do século passado, e muito bonita, como vocês podem ver na foto. Depois de uma pausa pra um momento de oração por ali (ao som dos pássaros que cantavam e voavam dentro da igreja), continuamos a caminhada e passamos pelo Vesúvio, um bar e restaurante muito tradicional daqui. Visitei também a igreja de São Jorge, onde os pais do Thomaz casaram, mas só por fora, porque ela está fechada.

Catedral de São Sebastião


Igreja de São Jorge

Ainda passamos pelo belo e centenário prédio da prefeitura e pela rua mais antiga da cidade, que tem calçamento dos anos 30, com paralelepípedo diferente do resto das ruas. A rua é também uma das mais estreitas. A largura limitada das ruas, por sinal, é uma característica da cidade. As ruas são todas muito bonitas e é grande o número de construções tombadas, em que dentro funcionam estabelecimentos modernos, mas a fachada ainda é centenária.

O único problema é que, com tanto conteúdo histórico, a cidade acaba ficando desorganizada demais, o que pode ser um problema se ela crescer mais em quantidade populacional, número de carros, etc. Os carros, por sinal, já são um problema. Como não há muito lugar para estacionar no Centro, os bolsões de estacionamento da avenida principal estão sempre lotados. A cidade tem cerca de 90 km de praia.

Depois do acarajé para enganar a fome, acompanhado de uma água de coco, que aqui é barata, almoçamos na Casa da Empada. Estabelecida na estrada Ilhéus-Serra Grande, lá funciona uma lanchonete, famosa pelas empadas, e um restaurante. Eles estão no Guia 4 Rodas, e não é a toa. A comida é muito boa. Lá comi a moqueca de camarão e o camarão oriental, feito como o frango e a carne que acompanham umYakissoba, provavelmente por isso o nome de oriental.

O baiano (de cabelo cortado) e o paulista, em frente à Casa da Empada, pra vocês não ficarem com saudade das nossas caras

À tarde ainda rolou um banho de mar em Serra Grande antes de voltar pra Uruçuca pra noitada. Ontem, porém, não ficamos na praça. Fomos ao aniversário da Helen, e comemos um pouco de água. A noite foi terminar em Maria Peixeira, ou Pexêra, que é como se fala, onde comprovei o que Thomaz dizia sobre Fernanda (Bisquí) não valer nada. Fernanda é uma quase jornalista, como nós, e muito, mas muuuuito gente boa. Mas veja o que ela me aprontou.

Cecílio é um personagem da cidade, pra quem conhece aí em Piracicaba, seria famoso como Saponga ou Madalena. Um negão enorme, gay (é claro!), que vaga pelas ruas. Em Maria Peixeira, veio cumprimentar todo mundo e Fernanda (ô Fernanda!), disse: “viu o bofe novo por aqui? Dá um beijo nele!”. Pra quê, lá me vem ele dar beijo no rosto. Até aí tudo bem, mas ela resolveu incentivar mais: “Ôxe Cecílio, beije direito!”. E aí tive que me esquivar pra não tomar um beijo na boca do negão. Ainda bem que eu tava ainda sóbrio...

Essa noite sim terminou tarde, e depois do bar ainda fomos ao Soca Braço, rua que tem esse nome porque lá funcionavam muitas olarias e o pessoal “socava o braço” pra fazer os tijolos. Eita lugar longe viu? Na verdade nem é tanto, é uma reta só e em Piracicaba ninguém negaria uma carona de carro. A questão é que fomos andando, que aqui quase ninguém anda de carro pela cidade, e no fim da madrugada! Enquanto íamos encontramos uma galera já acordando pra trabalhar.

To adorando isso de cidade do interior, mas a rotina deve mudar a partir de amanhã, já que os pais do Thomaz estão levando hoje a mudança da casa de Serra Grande para o apartamento onde vamos ficar a partir de amanhã, em Ilhéus. Essa, aliás, foi a primeira das confirmações pendentes que ontem se concretizaram: além da mudança, foi confirmada também a viagem (quinta e sexta estaremos em outra cidade, que depois eu conto) e a festa grande que vamos e conseguimos comprar o ingresso. Ainda não vou dizer o que é (suspense pra quem não é daqui!), mas adianto que é uma dessas bandas famosas que vai tocar, calculem pelo preço do ingresso que é coisa grande: R$ 70.

Ah sim, coisas que esqueci de falar: por aqui eu tomo leite da vaca! Não simplesmente DE vaca, como tomo aí, mas DA vaca mesmo, in natura. É bom viu?

Mais umas palavrinhas aí:

Parassé (que não sei se é assim que escreve, mas assim se fala): confusão, prezepada, ou palhaçada. Não sei se tem correspondente certo, mas já vi empregado aqui nesses sentidos.

Nextante: nesse + instante (é engraçado ouvir!)

Pocar: é estourar. Por exemplo, “fulano pocou o joelho”.

Ó paí ó: seria um “olhe pra isso”, meio surpreso. Todo mundo conhece a expressão pelo filme, mas aqui ouvi bastante. Ouvi assim mesmo, completa, mas também variações, como “ó paí”, apenas ou “ó paísso”.

Só terei folga de hoje a 15: essa ouvi do Dr. Ronaldo, dizendo pra Marlene que só poderia ir ao oftalmologista daqui há 2 semanas...

Mas a melhor mesmo é a versão deles pra “dar uma”. Não que assim as pessoas não entendam, dar uma é dar uma em qualquer lugar. Mas por aqui é comum dizer “fazer ousadia”, que na verdade se diz “ósadia”. É gostoso de ouvir também viu...

Falei também algo que eles não sabiam o que era: “na faixa”, pra “de graça”, aqui não existe.

Aí Thomaz me disse pra falar sobre duas coisas, que não são exatamente novidade, afinal todo mundo conhece, é mais pra desmistificar. Ninguém fala muito oxente. Ouvi alguns poucos, mas geralmente para no ôxe. A segunda é o tal do “meu rei”. To aqui já há cinco dias e não fui chamado nem vi alguém chamar os outros assim. Se falam meu rei na Bahia, certamente não é em Uruçuca, Ilhéus ou Serra Grande.

Só um breve comentário sobre a final da Copa: aquela deve ter sido a primeira vez que o Iniesta chutou pro gol na vida dele! O resultado é meio foda porque coroa um futebol muito água-com-açúcar, apesar de bem jogado. A Espanha fez apenas 8 gols em 7 jogos...


1º fim de semana: amor à primeira vista e muitas risadas
(por Thomaz Fernandes)

O primeiro FDS do Botão aqui foi muito, mas muito engraçado de ver. Já disse aqui que a presença dele me faz curtir também umas coisas que não são de hábito para pessoas daqui, como ir à Casa de Jorge Amado. De informações eu tinha quase todas, mas a interpretação desse contador de histórias foi muito boa, fiquei besta.

A comida pesou menos, pois a moqueca da Casa da Empada é de paulista (ou seja, tem pouco dendê), mas morri de medo da garfada no sarapatel de Maria Peixeira, afinal sempre ouvi dizer que sarapatel “é comida para se comer em casa”, foi mal Doutor Ronaldo. Como eu tava com o dobro de fome, fundei no sarapatel como se não houvesse amanhã. O bar seria considerado fim de linha em Piracicaba, mas é do melhor tipo, apesar de o apelido da dona se referir a uma arma, ela é bastante irreverente e deixa todos à vontade.

A maior vantagem de Uruçuca é que as pessoas são bastante receptivas e em nenhum momento eu precisei “fazer sala” pro Botão, pois a maioria se mostra agradável e curiosa com o meu amigo de 1,90m que veio de São Paulo. Ele surpreendeu a muitos também pela sua resistência alcoólica, é mentira que ele tava sóbrio, mas não passou da medida ou se excedeu em nenhum momento.

O melhor da noite foi o carinho de uma das lendas vivas de Uruçuca com Iuri. Pense num cara de 1,80m de altura, negão, vestindo um minishort, gay, com dois dentes na boca beijando o pescoço de Iuri. Qualquer descrição é pouco para aquela cena histórica e pra isso mandamos também uma foto da beldade.


Cecílio em sua melhor pôse

P.S.: Ontem ganhamos um DVD de uma banda chamada Onda Loka (o dono da casa que estávamos é produtor musical, Adson, muito gente boa). Num sei se é pagode, arrocha ou os dois, mas tem sucessos como Rebolation; Chora, me liga; Manteiga e Inheco Inheco. Boa sorte.

P.S. II: Ouçam Edson Gomes, Reggae baiano da melhor qualidade!!!!

5 comentários:

  1. - O beijo de Cecílio e a queda de Rihalle foi o melhor da noitee !
    A visita de você s á casa de cultura me fez tentar lembrar a última vez que tive lá , não me lembro . "/ Vou voltar!

    Ah Iuri, nem todo mundo se refere a "dar uma" como : ousadia, quer dizer : "ósadia" kkkk , que eu me lembree só a galera das velhinhas que são do tempo de minha vó de 90 anos, bem lúcida por sinal, e eu . rsrs


    To adorando ler o blog.
    beeeeijo nos dois .

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  2. Tô amando acompanhar a saga dessa dupla nos conhecidos e saudosos cantos da Bahia que tanto amo!
    Thomaz, aquela foto da casa da empada é com o cabelo cortado?? Fala a verdade, só foi no salão fazer hidratação, rsrs.

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  3. auhsuhau... bommm jah q n vo sair ate tu i emboraa...rsrrs
    acompanhareii por aki suas ferias aki na cidade tah bomm...

    bjo VC's

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  4. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk esse comentário tem que começar com risos..kkk...a queda de Rihalle foi colossal e uma bitoca de Márcia no congote de Bota foi foda!! E mais, Bisqui (minha discípula) ainda fez um enxame pra Ciça cobrar uma breja a Bota...kkkkkkk. E Botão nego véi, aqui fazer "osadia" pode ser "bater o saco", "bater na boca do bule","amothá", e tantos outros. E vamo q vamo Cumer àgua Botãoo...Ahhh! Um salve para os comentário de Thomaz Fernandes...huhuuu Tom!

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  5. Nossa... que delícia ler vocês. Vale transformar a experiência de escrever a quatro mãos (mas peraí, só se escreve com um delas, então acho que deveria ser a duas mãos, sei lá...) em um livro. Se quiserem mais uma mão (a minha! a minha!)... bora?? Já passaram lá pelo meu blog?
    To esperando a visita e os coments.
    Um beijo poceis e um beijo em Cecílio, figura que faria maior "sucsex" na rua do Porto, não acham?? rsrs.....

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