Escrevo para contar algumas notícias. Uma espécie de diário de viagem, da saída de Piracicaba até o que fiz hoje. O que me motivou a fazer? Uma soma de coisas: estou com bastante tempo livre (claro!); adoro contar até as histórias bobas, imagine então as que têm conteúdo; e, finalmente, para que eu mesmo não esqueça dos nomes, detalhes e coisas pelas quais passei e vou passar, afinal se você está lendo isso, me conhece e sabe que minha memória não vale um real. No próximo post, o baiano vai comentar.
A narrativa vai ser cronológica. Cheguei na terça-feira, 6, às 14h58 no aeroporto de Ilhéus, o Jorge Amado - para quem não sabe, o grande escritor, talvez meu favorito entre os brasileiros, é de Ilhéus. Thomaz e Cinira, mãe dele, me esperavam no aeroporto, que é pequeno como o de Porto Seguro, outro em que estive há alguns anos, só que mais organizado.

Olha aí o que até então só tinha visto do avião...
A idéia inicial era ir a Serra Grande, onde eles têm casa de praia, ainda nessa primeira tarde. Só precisávamos esperá-la pegar uns documentos e ela nos deixaria na casa enquanto resolvia alguns assuntos. Botamos (eu e Thomaz) os primeiros papos em dia esperando a mãe dele. Com a chuva fina que caía, somada a um pouco de demora e ao fato de que ela não conseguia falar com alguém por lá, resolvemos deixar para a quarta-feira, depois do almoço, a ida à praia.
Fomos então ao acarajé da Irene, que fica na praça da Irene, em Ilhéus. Segundo ouvi, Irene já não é mais viva e a família toca o negócio, mantendo a fama do bolinho. Com algum receio, depois de ouvir que é forte e blá blá blá, experimentei o bolinho (pedi um completo, mas “frio”, ou seja, sem pimenta) enquanto ouvia a receita: a massa, frita em óleo de dendê, é de feijão, dentro vão os opcionais: vatapá, uma pasta amarelada que não sei do que é feita, mas é muito boa, vinagrete e camarão. Tanta tradição, simbologia e sabor por míseros R$ 2 (e é “caro” assim porque é o da Irene, em outros lugares é só R$ 1).
Saímos de Ilhéus de barriga cheia para Uruçuca, cidade vizinha muito pequena, onde temos ficado e de onde vos escrevo agora. Aqui moram, numa casa “retada”, os avós e, temporariamente, os pais do Thomaz e nós dois. Vimos o finalzinho do jogo de Uruguai e Holanda com Dr. Ronaldo, pai de Cinira, e figura de quem já tinha ouvido falar muito, e agora vejo com os próprios olhos a simpatia. Sujeito excelente para se conversar sobre futebol, política e, claro, contar histórias.
No primeiro jantar, as primeiras novidades gastronômicas: suco de cupuaçu (forte pra caramba, mas gostoso) banana-da-terra cozida e carne fria. A banana não tem muito segredo. É banana (da-terra) cozida, que eles comem pura ou com manteiga. Gostoso, mas ainda prefiro a nossa prata fritinha. A carne fria, segundo eles, também tem em São Paulo, mas eu não conhecia: é lagarto cozido, frio, e curtido em um molho como que de picles. Muito saboroso, comi horrores sempre que vi. A curiosidade: perguntei “de que carne é isso aqui?”, e ouvi “é paulista, ops, é lagarto”. Acredita que eles chamam lagarto de carne de paulista? Vai ver de que parte do boi eles tiram pra entender a explicação... Bom, também zuamos baianos né?
Depois do jantar andamos meia cidade: fomos visitar a dona Mirinha, outra avó do Thomaz, e também Harley, um tio dele, que não estava em casa. No caminho paramos acho que dez vezes para cumprimentar gente que não via o Baiano há tempos. Foram necessários três erros e, consequentemente, que ele me apresentasse três mulheres, para que eu aprendesse que aqui se dão dois beijos no rosto para cumprimentar. De volta a casa, dormi um pouco e acordei umas 22h30, ouvindo na varanda o som do violão de Décio, amigo, “sócio” e vizinho do Thomaz, que já estava ali fora também. Saí, conheci Mombojó, O Círculo (banda que já acabou) e Cantoria , de Geraldo Azevedo, que não conhecia, além de Vanessa da Mata, Rub, Seu Jorge e outros artistas familiares. Nesse momento ainda ouvi “de que mundo vocês são?”, quando o Thomaz também não conhecia a música do Mombojó. Entramos quando Décio foi dormir, pouco depois. O coitado não tá de férias...
Ontem acordamos já na hora do almoço. Desistimos do plano da praia porque tinha jogo da Copa. Depois de comer, compramos um A Tarde (Jornal de Salvador) e fomos à casa de Mirela, grande amiga do Thomaz que é fisioterapeuta e tem morado em Salvador. Batemos um papo com ela e a irmã mais nova, Luísa, e voltamos pra casa pro jogo. Não vou comentar o jogo porque vocês viram.
Na janta (ou café, porque aqui eles falam café e as pessoas tomam café e leite nessa hora mesmo, por vezes depois da comida ou no lugar dela) mais novidade: cuscuz de tapioca. É doce, feito com leite de côco e não sei o que mais. Gostoso, mas fica aquela sensação de que faltava algo mais docinho pra ser um doooce mesmo.
Mais tarde, uma caminhada pela parte da cidade que faltava conhecer: fomos à casa de dona Mariinha (pronunciam-se os dois “is”), bisavó do Thomaz, mãe de dona Marlene (que cozinhou tudo que citei até aqui) e avó de Cinira. A bisa tem 91 anos, e já não fala ou anda há alguns anos. As filhas se revezam para cuidar dela e por sorte estavam todas ali. Como brincou o Thomaz, um exército de senhorinhas com o mesmo cabelo e o mesmo chinelinho de dona Marlene. Tinha também a Vanessa, uma prima bonita (sem dúvida a mulher mais bonita que vi por aqui), que estuda em Aracajú, e um cachorro daqueles pequenos que são mais valentes que Lampião. Falando nele, infelizmente não pude ouvir da própria boca de Mariinha a história de que ela veio do sertão da Bahia pra cá fugida de Lampião, o que uma das filhas, Marli, fez questão de contar.
Saindo dali, uma cerveja na praça ao lado, com direito a acarajé, abará (acarajé, igualzinho, mas cozido), e caruru (um negócio aqui de quiabo). Aqui mais uma curiosidade: não tem Brahma por aqui. Como os bebuns de plantão sabem, a qualidade da cerveja tem muito a ver com a água, e a da Schin feita aqui é boa. O povo toma MUITA Nova Schin e é raro encontrar Brahma. Preferi ficar na Skol mesmo, afinal Thomaz disse que “não é tão pior”. Bom, se não é “tão”, é no mínimo pior. Mais chuva a noite, para tentar desencorajar a praia de hoje. Fomos pra casa ver Meu Nome Não É Johnny e, depois, comecei a ler Pastores da Noite, meu quê de cultura baiana dessas férias, com Jorge Amado, é claro.
À noite Volney, pai do Thomaz, chegou de viagem e, além de papo sobre a Copa, trouxe também uma boa notícia: não só iríamos para Serra Grande, como iríamos de carro alugado e, boa notícia pra mim, comigo no volante – adoro dirigir!
Saímos cedo hoje, umas 8h. As duas estradas (Uruçuca – Ilhéus / Ilhéus – Serra Grande) são maravilhosas. Coisa de 35 km em cada uma apenas, sem pista dupla. Para quem sempre ouviu falar mal das estradas do nordeste, achei uma maravilha, sem um buraco e com muito verde nas margens. O primeiro trecho, até Ilhéus, já tinha passado à noite, e tem bastante mata e é cheio de curvas, com direito a pés de cacau por ali (é o forte da região, tem até fábrica de chocolate caseiro). O segundo eu gostei mais. Até a vila do Sargi, onde fica a casa de Serra Grande, a vista é de sítios, coqueirais imensos e algumas residências e ateliês de artesanato. Outra vantagem é que tem bastante reta, e sem buracos, movimento ou radares, ou seja, uma delícia dirigir por ali.
Em Serra, fomos ao mercado comprar pilha e cerveja (sim, a pilha descarregou!). Novamente escolhi Skol, e concluí ainda mais que aqui o povo gosta mesmo de Schin. A diferença no preço do fardo é de R$ 1. Aí é R$ 1 a menos por lata quase! Paradas em dois mirantes para fotos (vejam-nas aí!). Em um deles, vale a pena comentar, lembramos do João. O terreno era tão acidentado e esburacado que o baiano comentou: “se João tivesse aqui agora ia contar pros outros: nossa véio (com ênfase no veio)! Passamos num lugar todo esburacado que parecia um Rally!”. Pausa aqui pra eu lembrar do momento, em que fiquei quietinho por um tempo só curtindo a brisa e a paisagem fantástica.
Caminhamos pela praia até a barra, um mangue onde o rio Sargi encontra o mar. A água do rio é MUITO mais fria que a do mar. Lá conhecemos um hippie de Brasília, que veio morar aqui há sete meses com os dois filhos e a mulher. O engraçado é que ele dava pras crianças comerem um cuscuz de milho basicamente farinha com água. Com tanto cuscuz, adivinha como eles chamam aquele que a gente conhece das festas juninas, com frango, ervilha, milho, palmito e azeitona? Cuscuz de paulista, claro.

A barra e o mangue do hippie
No fim da tarde voltamos a Ilhéus e depois denovo pra Serra Grande porque Thomaz ficou com a chave da casa no bolso, enquanto devia ter deixado com a Raimunda, ex-babá do Thomaz, que ainda ajuda a família e a quem ele enche o saco até o talo. Enfim, voltamos levar a chave pra ela e depois devolvemos o carro na locadora em Ilhéus. Enquanto esperávamos Volney e Cinira, compramos como dois moços cultos, uma Rolling Stone especial, de junho, com Rolling Stones na capa, e uma Caros Amigos, do mesmo mês, com excelente entrevista com Sócrates e uma reportagem instigante sobre as chacinas da Baixada Santista.
Na volta pra casa, paramos na Cia. do Caranguejo, para mais experiências gastronômicas. Comemos uma dúzia de lambretas cozidas (parece ostra, e pra mim que já comi ostra crua, não foi indigesto nem esquisito, mas muito gostoso. Estranho só o fato de o tempero vir quente em um copo de onde os pais dele beberam. Dei só uma bicadinha). Para fazer jus ao nome do lugar, pedimos caranguejos, que estão gordos nessa época do ano e em todos os meses cujo nome não têm R (os de frio, maio, junho, julho e agosto). O gosto é de peixe, muito bom mesmo, mas dá uma trabalheira! Pra terem idéia (quem não conhece), antes de servir o bicho, que vem inteiro como os vemos às vezes, lhe entregam uma pedra de mármore e um tipo de martelo de madeira, pra você quebrar mesmo aquela casca toda.
Me rendi a comer uns quibes depois, impossível matar a fome com caranguejo quando se é principiante. Só completando a gastronomia do dia: me dei bem com a época do ano, os caranguejos gordos tem a gordura – que é meio forte mas bastante saborosa – amarela, e hoje estava exatamente assim. Conheci, no mesmo restaurante, o Guaiamum (“bem melhor que o caranguejo, outra categoria”, nas palavras de Thomaz). Só que eles ainda não estavam no ponto, então só os conheci vivos hoje. Conto mais sobre quando comer.
Hoje à noite no café a canjica, que não é aquele caldo branco feito de milho de canjica. Aquilo pra eles é monguzá, feito com milho de monguzá e leite de côco, não de vaca. A canjica de dona Marlene também é doce, e pra mim pareceu uma mistura de bolo de milho com pamonha, só que com consistência de cural. É bem gostoso.

A casa é de frente para o mar, mesmo.
A praia, sem tombo, é animal. A parte da praia, do rio, da casa, do mar e das paisagens, deixo pras fotos. Não vou antecipar aqui o que faremos amanhã e nem falar sobre uma festa que vamos na semana que vem, afinal são histórias pras próximas postagens. Só adianto que amanhã acordaremos cedo!
A narrativa vai ser cronológica. Cheguei na terça-feira, 6, às 14h58 no aeroporto de Ilhéus, o Jorge Amado - para quem não sabe, o grande escritor, talvez meu favorito entre os brasileiros, é de Ilhéus. Thomaz e Cinira, mãe dele, me esperavam no aeroporto, que é pequeno como o de Porto Seguro, outro em que estive há alguns anos, só que mais organizado.
Olha aí o que até então só tinha visto do avião...
A idéia inicial era ir a Serra Grande, onde eles têm casa de praia, ainda nessa primeira tarde. Só precisávamos esperá-la pegar uns documentos e ela nos deixaria na casa enquanto resolvia alguns assuntos. Botamos (eu e Thomaz) os primeiros papos em dia esperando a mãe dele. Com a chuva fina que caía, somada a um pouco de demora e ao fato de que ela não conseguia falar com alguém por lá, resolvemos deixar para a quarta-feira, depois do almoço, a ida à praia.
Fomos então ao acarajé da Irene, que fica na praça da Irene, em Ilhéus. Segundo ouvi, Irene já não é mais viva e a família toca o negócio, mantendo a fama do bolinho. Com algum receio, depois de ouvir que é forte e blá blá blá, experimentei o bolinho (pedi um completo, mas “frio”, ou seja, sem pimenta) enquanto ouvia a receita: a massa, frita em óleo de dendê, é de feijão, dentro vão os opcionais: vatapá, uma pasta amarelada que não sei do que é feita, mas é muito boa, vinagrete e camarão. Tanta tradição, simbologia e sabor por míseros R$ 2 (e é “caro” assim porque é o da Irene, em outros lugares é só R$ 1).
Saímos de Ilhéus de barriga cheia para Uruçuca, cidade vizinha muito pequena, onde temos ficado e de onde vos escrevo agora. Aqui moram, numa casa “retada”, os avós e, temporariamente, os pais do Thomaz e nós dois. Vimos o finalzinho do jogo de Uruguai e Holanda com Dr. Ronaldo, pai de Cinira, e figura de quem já tinha ouvido falar muito, e agora vejo com os próprios olhos a simpatia. Sujeito excelente para se conversar sobre futebol, política e, claro, contar histórias.
No primeiro jantar, as primeiras novidades gastronômicas: suco de cupuaçu (forte pra caramba, mas gostoso) banana-da-terra cozida e carne fria. A banana não tem muito segredo. É banana (da-terra) cozida, que eles comem pura ou com manteiga. Gostoso, mas ainda prefiro a nossa prata fritinha. A carne fria, segundo eles, também tem em São Paulo, mas eu não conhecia: é lagarto cozido, frio, e curtido em um molho como que de picles. Muito saboroso, comi horrores sempre que vi. A curiosidade: perguntei “de que carne é isso aqui?”, e ouvi “é paulista, ops, é lagarto”. Acredita que eles chamam lagarto de carne de paulista? Vai ver de que parte do boi eles tiram pra entender a explicação... Bom, também zuamos baianos né?
Depois do jantar andamos meia cidade: fomos visitar a dona Mirinha, outra avó do Thomaz, e também Harley, um tio dele, que não estava em casa. No caminho paramos acho que dez vezes para cumprimentar gente que não via o Baiano há tempos. Foram necessários três erros e, consequentemente, que ele me apresentasse três mulheres, para que eu aprendesse que aqui se dão dois beijos no rosto para cumprimentar. De volta a casa, dormi um pouco e acordei umas 22h30, ouvindo na varanda o som do violão de Décio, amigo, “sócio” e vizinho do Thomaz, que já estava ali fora também. Saí, conheci Mombojó, O Círculo (banda que já acabou) e Cantoria , de Geraldo Azevedo, que não conhecia, além de Vanessa da Mata, Rub, Seu Jorge e outros artistas familiares. Nesse momento ainda ouvi “de que mundo vocês são?”, quando o Thomaz também não conhecia a música do Mombojó. Entramos quando Décio foi dormir, pouco depois. O coitado não tá de férias...
Ontem acordamos já na hora do almoço. Desistimos do plano da praia porque tinha jogo da Copa. Depois de comer, compramos um A Tarde (Jornal de Salvador) e fomos à casa de Mirela, grande amiga do Thomaz que é fisioterapeuta e tem morado em Salvador. Batemos um papo com ela e a irmã mais nova, Luísa, e voltamos pra casa pro jogo. Não vou comentar o jogo porque vocês viram.
Na janta (ou café, porque aqui eles falam café e as pessoas tomam café e leite nessa hora mesmo, por vezes depois da comida ou no lugar dela) mais novidade: cuscuz de tapioca. É doce, feito com leite de côco e não sei o que mais. Gostoso, mas fica aquela sensação de que faltava algo mais docinho pra ser um doooce mesmo.
Mais tarde, uma caminhada pela parte da cidade que faltava conhecer: fomos à casa de dona Mariinha (pronunciam-se os dois “is”), bisavó do Thomaz, mãe de dona Marlene (que cozinhou tudo que citei até aqui) e avó de Cinira. A bisa tem 91 anos, e já não fala ou anda há alguns anos. As filhas se revezam para cuidar dela e por sorte estavam todas ali. Como brincou o Thomaz, um exército de senhorinhas com o mesmo cabelo e o mesmo chinelinho de dona Marlene. Tinha também a Vanessa, uma prima bonita (sem dúvida a mulher mais bonita que vi por aqui), que estuda em Aracajú, e um cachorro daqueles pequenos que são mais valentes que Lampião. Falando nele, infelizmente não pude ouvir da própria boca de Mariinha a história de que ela veio do sertão da Bahia pra cá fugida de Lampião, o que uma das filhas, Marli, fez questão de contar.
Saindo dali, uma cerveja na praça ao lado, com direito a acarajé, abará (acarajé, igualzinho, mas cozido), e caruru (um negócio aqui de quiabo). Aqui mais uma curiosidade: não tem Brahma por aqui. Como os bebuns de plantão sabem, a qualidade da cerveja tem muito a ver com a água, e a da Schin feita aqui é boa. O povo toma MUITA Nova Schin e é raro encontrar Brahma. Preferi ficar na Skol mesmo, afinal Thomaz disse que “não é tão pior”. Bom, se não é “tão”, é no mínimo pior. Mais chuva a noite, para tentar desencorajar a praia de hoje. Fomos pra casa ver Meu Nome Não É Johnny e, depois, comecei a ler Pastores da Noite, meu quê de cultura baiana dessas férias, com Jorge Amado, é claro.
À noite Volney, pai do Thomaz, chegou de viagem e, além de papo sobre a Copa, trouxe também uma boa notícia: não só iríamos para Serra Grande, como iríamos de carro alugado e, boa notícia pra mim, comigo no volante – adoro dirigir!
Saímos cedo hoje, umas 8h. As duas estradas (Uruçuca – Ilhéus / Ilhéus – Serra Grande) são maravilhosas. Coisa de 35 km em cada uma apenas, sem pista dupla. Para quem sempre ouviu falar mal das estradas do nordeste, achei uma maravilha, sem um buraco e com muito verde nas margens. O primeiro trecho, até Ilhéus, já tinha passado à noite, e tem bastante mata e é cheio de curvas, com direito a pés de cacau por ali (é o forte da região, tem até fábrica de chocolate caseiro). O segundo eu gostei mais. Até a vila do Sargi, onde fica a casa de Serra Grande, a vista é de sítios, coqueirais imensos e algumas residências e ateliês de artesanato. Outra vantagem é que tem bastante reta, e sem buracos, movimento ou radares, ou seja, uma delícia dirigir por ali.
Em Serra, fomos ao mercado comprar pilha e cerveja (sim, a pilha descarregou!). Novamente escolhi Skol, e concluí ainda mais que aqui o povo gosta mesmo de Schin. A diferença no preço do fardo é de R$ 1. Aí é R$ 1 a menos por lata quase! Paradas em dois mirantes para fotos (vejam-nas aí!). Em um deles, vale a pena comentar, lembramos do João. O terreno era tão acidentado e esburacado que o baiano comentou: “se João tivesse aqui agora ia contar pros outros: nossa véio (com ênfase no veio)! Passamos num lugar todo esburacado que parecia um Rally!”. Pausa aqui pra eu lembrar do momento, em que fiquei quietinho por um tempo só curtindo a brisa e a paisagem fantástica.
Caminhamos pela praia até a barra, um mangue onde o rio Sargi encontra o mar. A água do rio é MUITO mais fria que a do mar. Lá conhecemos um hippie de Brasília, que veio morar aqui há sete meses com os dois filhos e a mulher. O engraçado é que ele dava pras crianças comerem um cuscuz de milho basicamente farinha com água. Com tanto cuscuz, adivinha como eles chamam aquele que a gente conhece das festas juninas, com frango, ervilha, milho, palmito e azeitona? Cuscuz de paulista, claro.
A barra e o mangue do hippie
No fim da tarde voltamos a Ilhéus e depois denovo pra Serra Grande porque Thomaz ficou com a chave da casa no bolso, enquanto devia ter deixado com a Raimunda, ex-babá do Thomaz, que ainda ajuda a família e a quem ele enche o saco até o talo. Enfim, voltamos levar a chave pra ela e depois devolvemos o carro na locadora em Ilhéus. Enquanto esperávamos Volney e Cinira, compramos como dois moços cultos, uma Rolling Stone especial, de junho, com Rolling Stones na capa, e uma Caros Amigos, do mesmo mês, com excelente entrevista com Sócrates e uma reportagem instigante sobre as chacinas da Baixada Santista.
Na volta pra casa, paramos na Cia. do Caranguejo, para mais experiências gastronômicas. Comemos uma dúzia de lambretas cozidas (parece ostra, e pra mim que já comi ostra crua, não foi indigesto nem esquisito, mas muito gostoso. Estranho só o fato de o tempero vir quente em um copo de onde os pais dele beberam. Dei só uma bicadinha). Para fazer jus ao nome do lugar, pedimos caranguejos, que estão gordos nessa época do ano e em todos os meses cujo nome não têm R (os de frio, maio, junho, julho e agosto). O gosto é de peixe, muito bom mesmo, mas dá uma trabalheira! Pra terem idéia (quem não conhece), antes de servir o bicho, que vem inteiro como os vemos às vezes, lhe entregam uma pedra de mármore e um tipo de martelo de madeira, pra você quebrar mesmo aquela casca toda.
Me rendi a comer uns quibes depois, impossível matar a fome com caranguejo quando se é principiante. Só completando a gastronomia do dia: me dei bem com a época do ano, os caranguejos gordos tem a gordura – que é meio forte mas bastante saborosa – amarela, e hoje estava exatamente assim. Conheci, no mesmo restaurante, o Guaiamum (“bem melhor que o caranguejo, outra categoria”, nas palavras de Thomaz). Só que eles ainda não estavam no ponto, então só os conheci vivos hoje. Conto mais sobre quando comer.
Hoje à noite no café a canjica, que não é aquele caldo branco feito de milho de canjica. Aquilo pra eles é monguzá, feito com milho de monguzá e leite de côco, não de vaca. A canjica de dona Marlene também é doce, e pra mim pareceu uma mistura de bolo de milho com pamonha, só que com consistência de cural. É bem gostoso.
A casa é de frente para o mar, mesmo.
A praia, sem tombo, é animal. A parte da praia, do rio, da casa, do mar e das paisagens, deixo pras fotos. Não vou antecipar aqui o que faremos amanhã e nem falar sobre uma festa que vamos na semana que vem, afinal são histórias pras próximas postagens. Só adianto que amanhã acordaremos cedo!
Comentários do baiano (por Thomaz Fernandes):
Eu vou me isentar de maiores profundidades com relação aos fatos, me atendo somente às impressões que Iuri teve e meio que traduzo o momento. Adelante:
É engraçado ver a cara das pessoas com a culinária daqui, pois é visualmente muito difícil comer caruru, por exemplo. Iuri é bom de garfo, então por maiores que tenham sido as precauções planejadas, o moleque ainda não refugou em nada.
Na maior parte dos rolês eu mostrei pra ele alguns dos lugares que eu já tinha falado ou as pessoas de quem ouviu falar em quatro anos de facul.
Uruçuca não é o que podemos chamar de ponto turístico, mas serve pra qualquer história de Jorge Amado, com personagens e locais inacreditáveis e ao mesmo tempo comuns a muitas cidadezinhas. Eu nunca fui “grandes coisa” como anfitrião, mas nesse caso o lugar ajuda então destaco algumas situações engraçadas, como o Iuri ter visto uma banca de jogo do bicho em pleno funcionamento (sim, aqui é um comércio comum, sem armas ou locais sujos filmados por micro-câmeras da Globo).
Ter paulistas por perto é bom para que a gente se lembre da beleza do lugar: Tinha me esquecido que a estrada pra Serra é fantástica e de como é estranho comer uma aranha jurássica.
Creio que ao longo dos dias as coisas fiquem engraçadas, com mais aventurass gastronômicas e aventuras alcoólicas sempre muito reveladoras. Ah, sobre o Hippie; ele não é Hippie, é rastafari (tem diferença Botão!) e num tem nada a acrescentar não, só tava lá com os filhos nus curtindo a brisa uahuahauahauahuahauh.
Como dica de hoje fica a música Mel, de Cantoria.
Eu vou me isentar de maiores profundidades com relação aos fatos, me atendo somente às impressões que Iuri teve e meio que traduzo o momento. Adelante:
É engraçado ver a cara das pessoas com a culinária daqui, pois é visualmente muito difícil comer caruru, por exemplo. Iuri é bom de garfo, então por maiores que tenham sido as precauções planejadas, o moleque ainda não refugou em nada.
Na maior parte dos rolês eu mostrei pra ele alguns dos lugares que eu já tinha falado ou as pessoas de quem ouviu falar em quatro anos de facul.
Uruçuca não é o que podemos chamar de ponto turístico, mas serve pra qualquer história de Jorge Amado, com personagens e locais inacreditáveis e ao mesmo tempo comuns a muitas cidadezinhas. Eu nunca fui “grandes coisa” como anfitrião, mas nesse caso o lugar ajuda então destaco algumas situações engraçadas, como o Iuri ter visto uma banca de jogo do bicho em pleno funcionamento (sim, aqui é um comércio comum, sem armas ou locais sujos filmados por micro-câmeras da Globo).
Ter paulistas por perto é bom para que a gente se lembre da beleza do lugar: Tinha me esquecido que a estrada pra Serra é fantástica e de como é estranho comer uma aranha jurássica.
Creio que ao longo dos dias as coisas fiquem engraçadas, com mais aventurass gastronômicas e aventuras alcoólicas sempre muito reveladoras. Ah, sobre o Hippie; ele não é Hippie, é rastafari (tem diferença Botão!) e num tem nada a acrescentar não, só tava lá com os filhos nus curtindo a brisa uahuahauahauahuahauh.
Como dica de hoje fica a música Mel, de Cantoria.
PS: O pano de fundo do blog é uma foto tirada hoje, da paisagem do mirante de Serra Grande.
SENSACIONAL!
ResponderExcluirAbraços aos dois!
Léo.
Ate fiquei com vergonha do e-mail que mandei com um rapido resumo das minhas aventuras aca, kkkkk.. Olha, nao vai dar tempo de ler agora, PERO, vou acompanhando vcs!!! Eh Iuri, eh diferente Hippie, de rasta, de dreadlocks, kkkkkk... Mas isso, meu rei, vc descobre na pratica!!! Bjus chicos
ResponderExcluirAlessandra Santos,
a reporter
Thom, achei massa!!! Ri muitooooooooooo e matei a saudade tb, até da turma do chinelinho kkkk.
ResponderExcluirKarol
Achou que eu não ía acompanhá-lo? Aliás,acompanhá-los. De ante mão um salve massa pra Botão, o grande paulista na Bahia! Hehehe...caralho que texto gostoso, leve, astuto, perpicaz, sacana, minucioso, enfim fodão!Única ressalva é que Aracaju não tem acento, e de Aju of Serjaipe eu entendo...kkkkkk. Aguardando os próximos capítulos! Abração Botão e xero pra Thomzão esse sacana!
ResponderExcluirAlano Vasconcelos Sena Gomes
nossa , adoreii,dei super risadass!!!
ResponderExcluiruahushuahs...
tô t seguindoo .vuh!
bjo TOM
Poiis eh neh ? tamus aki acompanhando neh ? O Alano naum perde uma, ke pancas viu ? Um paulista na Bahiia, e um amigo de volta a sua terra, sempre tem que constar .. hehehe, to aqui de camarote esperando a resenhaa da praça .. beeijos galeraa , que venha maiiis ;D
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAgora pude ler, que delíciaa .
ResponderExcluirDei bastante risadas também.
Ps.: Da mesmo trabalho comer carangueijo Iure. Nunca coma com fome . rsrs
Beijos em você e Thom .
Acho que esta na hora de dar uma comida quente ao paulista, só para fazer mais histórias. Quem sabe na moqueca de pitú?
ResponderExcluir