sexta-feira, 9 de julho de 2010

Cuidado onde pisa. E onde põe a mão!


A roça, e lá embaixo as novilhas nos olhando

As palavras do título foram exatamente as que ouvi de Dr. Ronaldo na roça. A roça, lugar que visitamos hoje cedo, coisa de 12 km de estrada de terra longe de Uruçuca, é a fazenda do avô do Thomaz, que nesse momento me advertia enquanto entrava no meio de alguns pés de cacau. Os perigos com que devia me preocupar eram cobras – e vira Thomaz e diz “sim, tem cobra aqui” – no chão e marimbondos peito-de-moça nas folhas do cacau, que tem esse nome pelo formato das casas.

Hoje foi o dia de o Thomaz nos guiar no carro: a estrada de terra é aquela mesma onde ele aprendeu a dirigir com Zangado, o motorista do Dr., que também nos acompanhou. A propriedade, que tem duas sedes, tem cacaueiros, pés de diversas frutas (das quais comi uma goiaba verde, um jambo e cacau, que merecerá um parágrafo à parte adiante).

As partes de que ele mais se orgulha, no entanto, são outras. A escola, que leva o nome da mãe dele e que ele implantou, nos idos dos anos 60 quando era secretário de educação e não havia escola por ali; além da parte da preservação: o que ele chama de “gota de mata atlântica” preservada, são 30 hectares de vegetação original da área, que tem árvores que quatro homens não conseguem abraçar. Os animais, que assim como a mata nativa não pude ver hoje, são outros pontos preservados, e Dr. Ronaldo garante que em sua propriedade existem lobos-guará, capivaras e pacas, “caças” extintas nas fazendas vizinhas.

Os tais animais não apareceram para fazer uma cortesia comigo da mesma forma que a cobra na estrada no caminho de Serra Grande (adivinha só, esqueci de contar isso ontem!). Quem sabe na próxima visita à “roça”. Coloco roça entre aspas porque é como eles chamam a fazenda, sítio ou o que for: seu pedaço de terra, por aqui, é sua roça, palavra que conhecia em São Paulo, mas que por lá tem um sentido mais pejorativo, como dizer que “o cara é da roça”, ou falar da roça de banana que se tem no quintal, mas nunca se referindo a uma propriedade rural, sei lá...

De “resenha” (ou jogando conversa fora, de um jeito animado) na praça com uns amigos do Thomaz, ouvia a galera falando do “bába” que ia rolar à noite. Bába é a nossa “pelada”, que por sinal rola agora às 19h e da qual não estou triste por não fazer parte. Pela conversa do povo, é todo mundo craque de bola!

As novidades de hoje são, como sempre, gastronômicas, já que está todo mundo aqui muito empolgado de me mostrar as coisas! Tudo bem que o Thomaz também não reclama, afinal os pratos são para ele matar a saudade e eu experimentar. Hoje o almoço foi de carne de sol - que não é o mesmo que carne-seca (ou carne de charque, o nome daqui) como sempre achei) – assada com batata. Uma delícia, que acompanhou o pirão de leite, que é um pirão, como o conhecemos, só que de leite (se bem que não sei se vai leite). É uma pasta que parece purê na textura, só que é branco e, assim como o cuscuz de tapioca, é um bom acompanhamento, já que não tem assim tanto gosto. Com a carne ficou maravilhoso.

A outra experiência foi em relação às frutas. Na roça, Zangado subiu no pé de goiaba para apanhar uma fruta que eu sabia que estava verde, e para não deixa-lo sem graça dei um jeito de comer (a dele estava ainda mais verde, ele ensinou que era só quebrar a casca que tinha uma polpa mole no meio). E subiu também no pé de jambo. Esse eu já conhecia, e não lembrava se era bom. É maravilhoso! E olha que o que eu comi não estava assim tão maduro...

Finalmente veio o cacau, que vi de tudo que foi jeito nos cacaueiros. Desde ontem ouvia falar do mel de cacau, que é feito espremendo a polpa da fruta em uma caixa que depois vocês vêem nas fotos. Eles apanharam cerca de 50 frutas pra tirar uns 2 litros e meio de mel.


Chupando os caroços de cacau. Ainda bem que é legenda de foto, senão dava pra pensar outra coisa...

Com o copo na mão ouvi do avô de Thomaz: “presta?”. Respondi: “Ô, muito bom!”. De fato, é muito bom mesmo. Tomei um copão e lambi os beiços. Ouvi do baiano que é meio indigesto, espero que não! Aliás, agora no café devo tomar gelado, que deve ser ainda melhor, e vou experimentar o cuscuz de milho deles aqui.


O processo de tirar o mel do cacau


E a secagem do fruto no sol (isso aqui também é cultura!)

No livro Pastores da Noite, cabo Martim já está de volta a Salvador, e tá todo mundo revoltado com Marialva. Sim, leio aqui, entre um cochilo, uma cerveja, uma praia e uma resenha.

Escrevendo agora nesse começo de noite, só tenho a dizer, parafraseando os baianos, que “tá um calor da porra!”. Resolvemos postar hoje mais cedo: na hora de voltar provavelmente não vamos querer escrever. Começa hoje o primeiro fim de semana, vamos comer água um pouquinho! Pra mim a expressão não é nova, mas pra quem não sabe, é tomar uma...

Saudades de vocês, beijos!



Mulheres são de Vênus, homens de Marte e paulistas de Júpiter
(por Thomaz Fernandes)


Essa ao menos é a sensação que as pessoas têm quando vêem um na Bahia, é engraçado ver o motorista e amigo de meu avô (o zangado) mostrando tudo pra Iuri achando que ele nunca viu na vida. Como há muita novidade pro mais jovem entre os Botões, até da galinha Zangado mandou tirar foto (“vá, tira aí e mostra em São Paulo que você viu uma galinha!”).

É divertido na hora de comer ou de mostrar coisas pouco habituais em São Paulo, como a quantidade de Mata Atlântica e tal, mas o melhor é ver Iuri tentando acompanhar raciocínio nas conversas. Depois de uma hora de conversa usando a expressão Bába pra futebol, ele vem me perguntar se era mesmo de futebol que a gente tava falando.

E o povo daqui tá metendo-lhe comida goela abaixo, se continuar assim dona Rose (mãe dele) vai ficar satisfeita com o peso da criança, que vai ser pesada por arroba quando voltar, rs.

Uma amiga minha chegou de Salvador hoje e disse que ele ia ver o que era comer água, pelo que eu conheço o pessoal daqui gosta de se gabar de farrista, mas é como piracicabano ou inglês ou carioca. Nada pra causar espanto.

Xô ir que é dia de cuscuz de milho e mais tarde macarronada!

Ouçam Maria Gadúúúúúúú´!


P.S.: PORRA SABRIIINAAA!

3 comentários:

  1. Caraca manolo! Tá comendo horrores, hein? HAHA
    Se o regime antes era uma folha qualquer, agora, male male será um caroço de azeitona!

    Traga alguma coisa boa de comer dai! Estou ficando com água na boca!

    PS: Ri absurdos do PORRA SABRINA! HAHAHA


    Abraço para vocês dois!

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  2. Se a marmita do almoço do Iuri ja era menor, imagina agora voltando da Bahia!! hahaha

    boa comida de água pra vcs então... se esbaldem na nova schin daí, q eu me esbaldo na brahma daqui!! haha
    bjo pra vcs!!

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  3. Aaaaahh!!! Apesar de não ser uma palavra muito legal, eu gostei da homenagem! haha :p Adorei o blog. Está boniTInho! :D Divirtam-se! Um beijo.

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