Bom, depois da Coca voltei a dormir, rindo sozinho. Volney, o aniversariante do dia, veio nos acordar com seu típico bom humor matinal (pra ele o dia começaria assim que sai o sol). Disse que precisávamos acordar pra ir pra Uruçuca, onde aconteceria um almoço pelo aniversário dele. Ainda era 7h30 da manhã e a Globo passava Bahia Rural.
Em Uruçuca andamos pela cidade tempo suficiente pra eu finalmente aprender os caminhos de um lugar para o outro, ainda que continue errando. O almoço era na casa de Mirinha, a mãe do aniversariante. Entre os presentes, Antônio, avô de Thomaz e ex-marido dela, com a esposa (sim, eles todos tem um ótimo relacionamento!), Harley e Ivana, irmãos de Volney, a família de Célia, prima de Volney e dona Vanda, amiga de Mirinha.
Um lado da sala...
... e o outro!
A comida do almoço me reservava uma feliz novidade: Pitu! É bonito e aparentemente complicado como o Caranguejo, mas é bem mais fácil de comer. A casca das patas dele quebra no dente, sem precisar de martelo. A carne é maravilhosamente gostosa, e o rabo parece um camarão gigante, no gosto, na textura e no formato. Também tinha catado de caranguejo (que é o caranguejo já fora da casca - agora que conheço o catado não sei porque alguém comeria o caranguejo inteiro!), uma fritada de alguma coisa do mar também, arroz, salada, carne de sol e feijão de moqueca.
De sobremesa, mais novidade pra mim, e essa não é regional: ambrosia. Um doce-de-leite com frescura, como diria o Thomaz. Bem gostoso! Na sala, um animado papo depois da comida, que girava em torno de Bruno do Flamengo ("o time do Flamengo é bom, o que mata é o goleiro", e por aí vai...), a proibição das palmadas educativas, e novidades sobre pessoas conhecidas deles. E isso é muito engraçado pelo tamanho da cidade. Quando aparece na conversa um Fulano, que alguém não sabe quem é, logo vem a referência, "ah, ele é filho de Sicrano e cunhado de Beltrano". Isso tudo tratando só pelo primeiro nome, e todo mundo conhece!
A noite mais uma experiência nova: fomos ao culto com os pais do Thomaz na Igreja Batista. Como ele mesmo disse brincando pra mãe: "eu não posso recusar, porque sou seu filho, e Iuri também não porque é o hóspede". Quando o assunto é religião, penso que é algo não se discute, portanto não vou fazer comparações, só me limito a dizer que fui muitíssimo bem recebido como convidado. Cada um encontra Deus onde achar que deve, e o mais importante são as atitudes das pessoas, e não a religião que seguem.
Falando em bem recebido, fomos depois jantar na casa de Genílton, amigo da igreja, junto com um pastor visitante, de Brasília, e o pastor Pedro. Gente boa, muito simpática, e tivemos altas conversas sobre futebol (de que me livrei logo das brincadeiras, afinal não sofro do mesmo mal que eles, que é o futebol carioca), jornalismo e sobre política, que foram as mais animadas. Animada principalmente pra mim, já que o coro ali era pela companheira Dilma. Ah sim, e o cardápio me trouxe mais uma novidade, farofa de banana, muito boa como o resto das coisas que comi por aqui.
Continuando na comida, desde que cheguei percebi que às vezes me deparava com um sabor meio adocicado que eu não gostava na comida, principalmente na salada. Mas era algo discreto. Até que hoje no almoço senti o tempero no arroz de Cinira, e consegui encontrar a "plantinha". Perguntei o que era e todo mundo na mesa sorriu. "Nenhum paulista gosta de coentro, né?". Claro que ninguém achou que eu realmente não gostava, afinal comi horrores e tudo por aqui tem coentro, mas realmente não gosto tanto. Percebi claramente o que era hoje porque a Cinira gosta muito, e coloca pedaços grandes na comida. Soube também que o paladar do paulista com o coentro é diretamente proporcional ao do baiano com a salsinha, que pra mim já é imperceptível e pra eles é forte. Interessante, não?
Depois do almoço fomos ao Mercado de Artesanato comprar mais souvenires. Aliás, esqueci de tirar foto desse mercado e também do mercado municipal daqui, que é um caos e muito maior que o de Piracicaba. Passamos parte da tarde na Lan House e no fim do dia fomos na Barrakítica, que é, como o nome indica, a junção das palavras barraca e raquítica. O bar/restaurante é da década de 80, um dos mais tradicionais da cidade e que nunca fechou (diferente do Vesúvio, que durante a crise do cacau foi afetado junto com a economia da cidade e fechou por alguns anos). No cardápio tinha de tudo: peixes, pratos à la carte, pizza, porções e comida japonesa. E pra não dizer que não comemos de tudo MESMO, arriscamos a comida japonesa. Feliz escolha, a de lá era muito boa! E olha só: na Barrakítica não tem Nova Schin... tomamos Skol mesmo.
Esse post, começou a ser escrito na tarde de ontem, em Ilhéus, e concluído agora já aqui em Piracicaba, onde já estou. De repente faço um post síntese em um dos dias dessa semana. Agora, volto à rotina de Piracicaba. Quer dizer, não bem à rotina, mas à rotina de férias em Piracicaba...
Fechem portas e janelas!
Essa é a palavra de ordem quando o prato é pitu (assim sem acento, o acentuado é a cachaça), quem experimenta gosta e quem gosta é viciado. Por ser um prato caro e difícil de encontrar, as oportunidades que se tem devem ser aproveitadas da melhor maneira possível, por isso tome seis quilos do bicho pra dentro.
O catado de caranguejo é uma coisa que eu tinha certeza que o Botão ia gostar, uma vez que essa é a criatura mais adepta à praticidade do planeta. Mas eu sou a favor de quebrar o bicho pra comer, além da gordura (descartada no catado), tenho a sensação de que é um outro prato completamente diferente. Vai saber.
O tempero é, de longe, a maior unanimidade entre paulistas. Nenhum deles gosta do tal do coentro! Exceto uma ou duas pessoas. Veja lá, meu amigo passou por experiências gastronômicas inacreditáveis, do sarapatel de Maria Peixera ao Pitu de dona Cinira e tropeçou com o bagulho mais imperceptível (na minha opinião) possível.
No mais, o aniversário de meu pai foi bem legal, a conversa e a risada foram predominantes. Na igreja, tudo como o esperado, uma galera muuuito gente boa e sempre "casa-cheia", também não discuto muito fé, mas acredito que os religiosos tem construções de discurso fantásticas.
Nesse ponto eu entro no documentário citado no post anterior; é incrível a coragem e capacidade de liderança do pastor do documentário. Tem no youtube e quem quiser pode ver, vejam também notícias de uma guerra particular, igualmente bom. Creio que ver esse conteúdo nos dá uma nova ótica sobre a temática da violência, emendo aqui uma recomendação de leitura: Abusado, Caco Barcellos. Genial.
Ouçam Black Alien, Funkeiro e Racionais. Som de suburbano, pobre, brasileiro.